Cinema não para a família, nem sobre a família, mas no seio da família – um cinema criado a partir do intimismo do espaço familiar. É neste espírito que regressa o Family Film Project, que celebra este ano a sua 14.ª edição, entre os dias 13 e 18 de outubro de 2025, no Batalha Centro de Cinema e em outros espaços culturais da cidade do Porto.

Com uma nova identidade visual, mas mantendo-se fiel aos seus territórios essenciais – a memória, o arquivo e a etnografia –, o festival afirma-se mais uma vez como espaço privilegiado para a exploração de formas alternativas da criação cinematográfica, promovendo o diálogo entre o cinema e outras artes e campos do pensamento.

O foco principal desta edição é dedicado à obra do cineasta americano Jay Rosenblatt, figura incontornável do cinema experimental e de arquivo contemporâneo, duas vezes nomeado ao Óscar e autor de mais de trinta filmes ao longo de três décadas de carreira. A sua filmografia, profundamente enraizada na introspeção emocional e na exploração da dimensão psicológica, combina uma linguagem estética singular com um olhar agudo sobre o íntimo e o universal. O festival apresenta uma seleção de dezassete curtas-metragens do autor, realizadas entre 1990 e 2025, oferecendo um amplo panorama da sua obra. O foco inclui ainda uma sessão de conversa entre Jay Rosenblatt e a investigadora Jaimie Baron, uma das principais pensadoras contemporâneas sobre os temas do arquivo e da memória no cinema.

 

I Used to Be a Filmmaker,

Jay Rosenblatt

A secção competitiva mantém a sua estrutura habitual, organizada em duas grandes zonas temáticas: “Vidas e Lugares”, dedicada à abordagem estética de quotidianos, habitats e biografias, e “Memória e Arquivo”, centrada na temporalidade e na apropriação poética de testemunhos, imagens de arquivo e found footage. À semelhança de anos anteriores, há também espaço reservado à ficção, ampliando o leque estético e narrativo do festival. Foram selecionados vinte e dois filmes em competição, provenientes de dezoito nacionalidades, que serão exibidos ao longo de nove sessões distintas.

Em parceria com o grupo de investigação em Estética, Política e Conhecimento do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto, o festival propõe também três masterclasses que atravessam as fronteiras entre cinema, pensamento crítico e práticas artísticas contemporâneas. A investigadora americana Jaimie Baron apresenta Archival Anticipations, uma reflexão sobre as formas visuais de transformação temporal e as dinâmicas de retrospeção nos arquivos cinematográficos. A cineasta iraniana Firouzeh Khosrovani traz Family Portrait: Uncovering Hidden Narratives, onde reflete sobre o cinema como arte da revelação do invisível e sobre os desafios de fazer cinema no feminino no contexto iraniano – sessão que será acompanhada pela exibição do seu premiado filme Radiograph of a Family. E o artista multimédia Mohammad Salemy apresenta a masterclass Computational Contemplation: Cinema in the Eyes of AI, em articulação com a sua videoinstalação The Burg of Babel, que poderá ser visitada ao longo do festival, a partir do dia 13 de outubro, na Galeria Nuno Centeno.

A programação expositiva estende-se ainda a outros espaços culturais da cidade. No Passos Manuel, estará patente a vídeo-instalação Almakina, de Luísa Sequeira. No Lounge Agea do Coliseu Porto Ageas, será inaugurada a exposição fotográfica Pausas e Assobios, de Mariana Caló e Francisco Queimadela. Já o ciclo performativo Private Collection, também em parceria com o Instituto de Filosofia, regressa à Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto no dia 14 de outubro, com propostas de Angélica Salvi (Miscelânea), Deeogo Oliveira (Urbino) e Emídio Agra (Rue Rosa Bonheur).

Este ano, o Family Film Project associa-se ao festival italiano Unarchive Found Footage Film Fest, apresentando, no dia 15 de outubro, quatro filmes italianos com apropriações criativas diversas das imagens de arquivo: Superheroes without Superpowers, de Beatrice Baldacci, Lo chiamavano Cargo, de Marco Signoretti, In Her Shoes, de Maria Iovine, e Bluescreen, de Alessandro Arfuso e Riccardo Bolo.

Tal como em edições anteriores, o festival reserva espaço à formação artística dos mais jovens, com o workshop Histórias que Brilham, dirigido por Tânia Dinis, cineasta e artista visual cuja presença no festival tem sido contínua e multifacetada.

O Family Film Project agradece aos parceiros institucionais e culturais que tornam possível esta programação, com destaque para o Balleteatro, o Instituto de Filosofia da Universidade do Porto e a Escola Superior de Media, Artes e Design (ESMAD, P.Porto). Um agradecimento especial ao Batalha Centro de Cinema pelo acolhimento, e à Câmara Municipal do Porto pelo apoio fundamental. Agradecemos ainda ao Canal 180, patrocinador oficial das premiações desta edição.

Desejamos a todos um excelente Family Film Project 2025!

 

2025

Competição

Jay Rosenblatt

Jay Rosenblatt

Foco
Private Collection

Private Collection

Ciclo de Performances
Artistas Convidados

Artistas e Investigadores Convidados

Artistas Convidados
Seleção UnArchive Found Footage Film Fest

Seleção UnArchive Found Footage Film Fest

Sessão Especial
OUT 2025