Family Portrait: Uncovering Hidden Narratives Masterclasses

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  • Firouzeh Khosrovani
18:OUT 17h00—19h07 127'
Batalha Centro de Cinema

Parte da sessão : Masterclass + Sessão de Cinema Masterclasses

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Retrato de Família: Revelar Narrativas Ocultas

Masterclass

Criar um retrato de família é mais do que um projecto criativo - é um gesto de afecto que entrelaça memórias, identidade e narrativas pessoais. Este workshop convida os participantes a explorar as suas histórias familiares e individuais, transformando memórias preciosas, sonhos e até lutas silenciosas em relatos vívidos e cinematográficos.

As nossas experiências pessoais - memórias, sonhos e até pesadelos - não são apenas valiosas: têm um potencial único para serem transformadas em histórias através do cinema. Este workshop oferece uma estrutura orientadora, mas flexível, para ajudar os participantes a converterem as suas histórias familiares em narrativas que possam ser partilhadas com os outros. Ao mergulhar nas camadas emocionais e históricas da vida familiar, os participantes aprenderão a revelar narrativas ocultas, a questionar representações idealizadas e a criar retratos autênticos e significativos.

 

Esta masterclass + filme pertencem à mesma sessão, não existe intervalo, será conduzida em inglês e requer inscrição prévia através de formulário para garantir lugar. A entrada na sessão é gratuita, mas é necessário levantar bilhete.

Inscrição Gratuita

 

Radiograph of a Family

2020 | Norway, Iran, Switzerland |82 min

A minha mãe casou-se com a fotografia do meu pai em Teerão. Ele estudava radiologia na Suíça e, para que ela pudesse ir viver com ele, o casamento era obrigatório. Para a minha mãe, com a sua formação religiosa, viver na Europa foi um desafio. O pecado parecia estar em todo o lado. O meu pai vinha de uma família liberal e laica. Era amante da cultura, das belas-artes, da música clássica. A minha mãe nunca compreendeu como ele podia, por exemplo, valorizar uma pintura que mostrasse corpos nus. Depois de eu nascer, deixámos a Suíça e regressámos a Teerão. Pouco depois, aconteceu a Revolução e tudo mudou de repente. A minha mãe encontrou uma nova razão, uma nova identidade, um espaço importante para si: tornou-se ativista religiosa, diretora de escola e recebeu treino militar. O meu pai sentava-se silencioso na sua poltrona preferida e ouvia Bach. Na nossa casa já não se jogavam cartas nem se bebia vinho tinto. O tapete de oração da minha mãe, e o meu, ficavam lado a lado na sala, junto à janela. Fotografias de mulheres sem hijab eram rasgadas. A minha mãe censurava o passado, enquanto o meu pai sonhava com um futuro diferente. Eu vivia dividida entre os dois. A minha família estava fragmentada. Para uma menina pequena, era difícil e doloroso. À medida que a minha identidade se formava, carregava ambos dentro de mim. E ainda hoje os carrego. Eu sou o resultado da luta do Irão entre tradição e modernidade. A minha história é contada através de fotografias, imagens de arquivo, cartas e vozes. A nossa casa em Teerão torna-se metáfora das transformações da nossa família e, assim, da própria sociedade iraniana.

 

Firouzeh Khosrovani

Nascida em Teerão, Firouzeh Khosrovani fixou-se em Itália para prosseguir os seus estudos artísticos na Accademia di Belle Arti di Brera, em Milão.
Estreou-se como realizadora em 2004 com Life Train. Em 2007, realizou Rough Cut, um filme sobre manequins de plástico mutilados nas montras de Teerão, seguido, em 2008, por Cutting Off, uma instalação e peça de videoarte para o Museu da Triennale di Milano.
O seu 1001 Irans (2010) foi um documentário sobre a imagem do Irão fora do Irão. Seguiram-se Espelho Meu (2011), Iran, Unveiled and Veiled Again (2012) e Profession: Documentarist (2014), um filme em sete episódios realizados por sete mulheres cineastas iranianas.
Fest of Duty (2014) aborda uma cerimónia religiosa no Irão destinada a incutir crenças e valores islâmicos nas raparigas quando atingem os nove anos.
Radiograph of a Family (2020) é a história pré e pós-revolucionária da filha de um pai secular e de uma mãe muçulmana devota, enquanto coexistem sob o mesmo teto. O filme foi distinguido no IDFA 2020 com os prémios de “Uso Criativo de Arquivo” e de “Melhor Filme”.