ENCANTAMENTO, EXPLORAÇÃO E DESCOBERTA: PROCESSOS DE FILMAR NO CRUZAMENTO DA ARTE COM A ANTROPOLOGIA

CATARINA ALVES COSTA

2022 60 '

Esta Masterclass faz uma incursão no filme etnográfico e no documentário, abrindo perspetivas para a sua realização e discutindo temas práticos e teóricos: estilos cinematográficos, linguagem e ética. A partir do visionamento e da análise de excertos de filmes vou falar do meu caminho como realizadora. Primeiro, o confronto com o terreno e a forma como pensei os projetos nos primeiros filmes que realizei: Regresso à Terra (1992) e Senhora Aparecida (1994). A ideia é entrar um pouco nas discussões acerca das opções de linguagem, da ética e da técnica. Importante, ainda, será referir o trabalho de pesquisa e documentação, a necessidade de sair do mundo que se conhece. Falarei ainda da rodagem, entre o improviso e a encenação, em especial no trabalho de realização de etnografias visuais em projetos museológicos e de pesquisa antropológica com discussão de excertos de A Seda é um Mistério (2001) e Casas para o Povo (2010). Será ainda abordada a construção da dramaturgia e as narrativas locais, a ambiguidade e conflito em especial no filme O Arquitecto e a Cidade Velha (2004). Por fim, a poética e autoria, lançando um debate acerca da ideia de uma intimidade que só se consegue com uma certa imaginação etnográfica...

biografia

Catarina Alves Costa é realizadora e antropóloga. Realizou, entre outros filmes, Margot (2022), Viagem aos Makonde (2020) Pedra e Cal (2016) Falamos de António Campos (2010) Nacional 206 (2009) O Arquiteto e a Cidade Velha (2004) Mais Alma (2000), Swagatam (1998) Senhora Aparecida (1994) e recentemente compartilhou a realização de Um Ramadão em Lisboa (2019). Formada em Antropologia Social, fez o Mestrado no Granada Centre for Visual Anthropology da Universidade de Manchester, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e o Doutoramento na Universidade Nova de Lisboa com a tese Camponeses do Cinema. Representações da Cultura Popular no Cinema Português. Em 2000 fundou, com Catarina Mourão, a produtora Laranja Azul onde produziu filmes de Daniel Blaufuks, Sílvia Firmino e João Ribeiro, entre outros. É Professora Auxiliar da Universidade Nova de Lisboa e Coordenadora do Mestrado em Antropologia – Culturas Visuais e do Laboratório Audiovisual, Pólo FCSH do Centro em Rede em Antropologia / CRIA. Organizou para a Cinemateca / Museu do Cinema os Arquivos Etnográficos de Margot Dias filmados em Moçambique e Angola entre 1958 e 1961. Ensina também nos mestrados e doutoramentos da Universidade de São Paulo, no Brasil, e na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Barcelona. Recebeu entre outros, o Prémio Melhor Documentário do Festival de Filme Etnográfico de Recife (2019), Prémio da Crítica nos Caminhos do Cinema Português (2009), Prémio Planéte no Bilan du Film Ethnographique (1999), o Prémio de Excelência da Society for Visual Anthropology American Anthropological Association Film Festival, EUA e o 1.º Prémio do Festival VII Rassegna Internazionale di Documentari Etnografici (1996).

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