15-19 OUT | 14H00 | 21H30 | BATALHA CENTRO DE CINEMA-FOYER 2
Conceito e Vídeo-Instalação de Hugo Mesquita
A partir dos filmes experimentais de Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes (Portugal), Steven Mclnerney (Reino Unido)
e Alexander Schellow (França).
Este é um relicário anacrónico de êxtase tecnofóssil, onde seis monólitos catódicos nas suas carcaças de transmissão eletromagnética emergem em ruído cromático de uma camada de sedimentos cauchos. Antípodas do digital, soterrados no esquecimento, essas bestas catódicas não só irrompem, mas se exumam, obsolescentes, num ballet de resistência imagética. Estes são os desmortos da ruína mediática feitos monumentos à analogia perdida, ecoando uma cacofonia de fantasmas cromáticos. Aqui, o que é visionado não pertence ao discurso central, mas à sua limiaridade, aos interstícios da preterição, disposto como detrito visual. Os filmes exibidos são os artefactos abraçados que vibram com energia bruta, crua e obstinada e tornados centrais na sua singularidade. Não há nostalgia, somente o sussurro residual de uma tecnologia extinta, ressuscitada para reverberar o descartado com ondas fantasmáticas de um média espectral.
Hugo Mesquita trabalha na criação de sistemas audiovisuais interativos utilizando diversos meios digitais para instalação interactiva e performance multimédia onde explora as relações entre o corpo, tecnologia e novos mídia. Licenciado em Tecnologias da Comunicação Multimédia na ESMAE e Mestre em Multimédia pela Universidade do Porto, integra atualmente o Programa Doutoral em Media Digitais da UP/Austin onde se foca na pesquisa da colaboração criativa entre artistas e inteligência artificial. Realizou diversos projetos de cenografia digital interativa e videomapping para ópera dos quais se podem destacar as óperas multimédia As Sete Mulheres de Jeremias Epicentro no Teatro do Campo Alegre (2017) distinguida com o 3.º Prémio Nacional Indústrias Criativas Super Bock/Serralves e o prémio BfK Awards*, Ninguém e Todo-o-Mundo no Teatro Helena Sá e Costa (2018) e Simplex no Teatro do Campo Alegre (2019). Durante o seu percurso também produziu trabalhos na área da instalação com destaque para a instalação multimédia interativa Super Bock Creative Experience em Serralves em Festa (2014), a instalação interativa 7YRS nos Maus Hábitos (2016), a instalação interactiva lumínica Ng no Semibreve (2016) e a instalação laser LUiZ (2016), na ponte D. Luíz I aquando a celebração dos 20 anos da elevação da cidade do Porto a património mundial. Também desenvolveu aplicações multimédia e jogos digitais obtendo distinções como o Prémio Multimédia XXI - Menção honrosa (APMP 2003), Special Mention for "Mobile Program” (FIAMP 2009) e Bronze Web’Art Special Prize (FIAMP 2012). Além das incursões nas media artes ensina matérias de programação criativa, sistemas digitais interativos e computação física na Escola Superior de Media Artes e Design e Universidade do Porto.
KAREN AKERMAN, MIGUEL SEABRA LOPES
2023 | BRAZIL, ARGENTINA, PORTUGAL | DOC, EXP | 12'’
No exílio, uma criança brasileira tece estratégias para se erguer
BIOGRAFIA
Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes dirigem filmes juntos desde 2010, em película e em vídeo, mesclando ficção, documentário e experimental. Karen trabalha principalmente como montadora, Miguel como argumentista.
STEVEN MCINERNEY
2024 | UK | EXP | 11'
A Monster with its Mouth Agape é um filme experimental, uma performance ao vivo expandida e uma instalação inspirada nos profundos conhecimentos de Yoshito Ohno. As suas múltiplas formas interpretam os estados metamórficos do Butoh, irradiando da intensidade monocromática à abstração multi-colorida, com uma banda sonora que reverbera as assombrosas paisagens sonoras do caótico clima do Japão do pós-guerra. As obras incluem uma rara gravação áudio de Ohno, com cada linha de movimento poético expressa como metáfora visual. À medida que a influência de Yoshito continua a repercutir-se no presente, estas formas subversivas de dança incorporam um sentido de intemporalidade, profundamente enraizado na tradição arcaica, no folclore e na mitologia japoneses.
Um filme de Steven McInerney
Conceção visual em colaboração com Vincent Rang
Palavras ditas por Yoshito Ohno
Som de Howlround & Merkaba Macabre
Encomendado por Rebellious Bodies, Festival Internacional de Dança Butoh
Apoiado por Dance Archive Network, Canta Co. Ltd, e Arts Council England.
BIOGRAFIA
Steven McInerney (n. Melbourne, 1983) é um artista residente em Londres. McInerney combina projeção em 16mm, projeção digital e espacialização sonora para criar formas expandidas de cinema, performances audiovisuais ao vivo e instalações. O seu trabalho investiga respostas comportamentais a fenómenos emergentes, utilizando sistemas mediáticos variantes no tempo para exploração. A sua obra cinematográfica explora energias dicotómicas, meditando entre o sagrado e o profano. As suas performances ao vivo utilizam projeção multimédia e sistemas de feedback em tempo real, empregando uma metodologia estruturalista que valoriza erros e dados atípicos. A partir disso, narrativas especulativas tomam forma, frequentemente desbotando as linhas entre ciência e ficção. McInerney é o fundador da Psyché Tropes, uma plataforma interdisciplinar para investigação e publicação audiovisual, com um programa de rádio mensal na Resonance 104.4 FM.
ALEXANDER SCHELLOW
2017 | FRANCE, GERMANY | DOC, EXP | 6'
Como pode uma pessoa com Alzheimer ainda contar a sua própria vida? Quando as palavras já não existem, restam apenas as sensações e os sons que o corpo recorda. Na sala comum de uma clínica para doentes de Alzheimer, uma música que sai de um rádio leva uma idosa numa cadeira de rodas a começar a dançar. Ao recordar os movimentos que costumava executar, o seu corpo desperta uma série de memórias sonoras. Totalmente desenhado e animado a partir da memória, A_biography reconstrói, ponto por ponto, o aparecimento destas memórias onde já não eram esperadas, num esforço para preservar este corpo e esta vida do esquecimento.
BIOGRAFIA
Alexander Schellow (1974)
A sua investigação tem origem num interesse por métodos de (re)construção da memória, que desenvolveu e aprofundou através da prática diária de desenho e animação. Esses processos híbridos materializam-se em projetos que têm sido amplamente exibidos a nível internacional, mais recentemente na 18.ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza. Nos últimos anos, as suas colaborações têm-se concentrado, em particular, na criação de arquivos específicos (como Colonial Family Films, na Bélgica) ou em interfaces de (re)conhecimento humano/digital, especialmente no campo dos desenvolvimentos atuais de deep learning.
A sua prática pedagógica levou-o a universidades em várias cidades, como Londres, Paris, Tirana, Singapura, Cidade do México e Bruxelas, onde fundou o AnimLAB e, desde 2013, ocupa uma cátedra em animação, liderando um mestrado em práticas mais-que-humanas na erg - école de recherche graphique.