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PERFORMANCES

16 NOVEMBRO | 20H00 - 23H30 | MAUS HÁBITOS - SALA DE ESPETÁCULOS & PÁTIO AZUL

PAISAGENS DO EU: CICLO DE PERFORMANCES

Cristina Mateus | Isabel Barros | Joclécio Azevedo | Marianne Baillot | Rebecca Moradalizadeh | Susana Chiocca

Com o ciclo de performances "Paisagens do eu" pretende-se dar início a uma nova etapa do festival onde vários artistas são desafiados a apresentarem propostas no âmbito das áreas temáticas que caracterizam o Family Film Project. Estão em causa as valências performativa e documental na composição e construção de um eu, permitindo criar abordagens biográficas diversas. A bio-grafia revela-se como uma paisagem em movimento, um ato poético, uma imagem que se dá ao outro, ao mesmo tempo que se deixa emergir no território imperfeito do eu. Para esta edição, Cristina Mateus, Isabel Barros, Joclécio Azevedo, Marianne Baillot, Rebecca Moradalizadeh e Susana Chiocca cruzam sons, textos, imagens e objetos com a corporalidade e a voz, deixando-nos vivenciar e ficcionar os seus concertos, os seus poemas à vida, as suas anti-biografias, os seus relatos, os seus sabores ou as suas metamorfoses. 

20h | Sala de Espetáculos

LandMarks #3 – a question of identity

por Rebecca Moradalizadeh

JANTAR-PERFORMANCE (requer marcação prévia)

Na literatura persa, o círculo é um símbolo do destino. “LandMarks  #3 – a question of identity” é uma receita que combina o lado poético e o lado burocrático sobre o processo intenso de procura e reformulação de uma identidade; sobre uma origem genética (distante); e sobre o seu tempo. Um processo moroso, árduo, inspirador e criativo. Trata-se de uma abordagem à divisão territorial e geográfica criada à nascença que agora ganha uma outra forma de união. Trata-se de uma passagem. A descoberta da comida é uma aproximação a essa terra longínqua. Cozinho uma lembrança olfativa proveniente das memórias familiares. Em “LandMarks #3 – a question of identity”, o corpo feminino manipula objetos e matérias dispersas no espaço alusivas a essas memórias. Um corpo com voz. Com força. Com presença. Com marca. Enquanto a marca oficial não se conclui recrio uma cultura, recrio uma história.

 

Rebecca Moradalizadeh (bio)

Artista plástica de origem luso-iraniana, vive e trabalha no Porto. Em 2015 iniciou o Mestrado em Estudos Artísticos - Estudos Museológicos e Curadoriais pela FBAUP - Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e em 2016 iniciou o estágio (integrado no 2º ano do mestrado) no Museu de Arte Contemporânea de Serralves no Serviço de Artes Performativas. Licenciada em (2011) em Artes Plásticas - ramo de multimédia, pela mesma instituição; em 2011 frequentou o programa Erasmus, na Sheffield Hallam University, em Sheffield, Reino Unido. Em 2012 frequentou um curso pela Maumaus – Escola Independente de Artes Visuais na residência Curatorial Lab parte da Capital Europeia da Cultura 2012 em Guimarães. Desde 2010 desenvolve um percurso artístico nas artes plásticas, apresentando o seu trabalho em exposições/apresentações individuais e coletivas em Portugal, Sheffield e Berlim. Participou em diversas residências artísticas, workshops e cursos onde colaborou com diversos artistas. As áreas que explora são a performance, videoart, fotografia, soundart e desenho sobre a forma de instalação, tendo como foco principal o uso do corpo físico e psicológico do Ser Humano e as suas repercussões no contexto social e político.

22h | Pátio Azul

Passing Through, Reverse Though 

por Marianne Baillot

Nesta performance, revisito a peça Gutai Passing Through de Saburo Murakami. Murakami perfurava molduras no Japão em 1956; Steve Paxton e Yvonne Rainer andavam e manipulavam um grande balão branco nos anos 60 para falar do quotidiano do casal. Corpos não dramáticos e não psicológicos que pretendiam afirmar nada mais do que a igualdade de todas as partes, a igualdade entre os corpos e os objecto, a igualdade entre os corpos e o fundo. Gostei tanto essas tentativas minimalistas de apagar qualquer relacionamento psicológico, erótico e de poder com o mundo. Gostei tanto da arquitetura de Jean Prouvé com o conceito de construir casas como carros através de módulos pre-fabricados. Para mim, esses módulos estavam como os membros do corpo do performer pós-moderno. Mas esse corpo supostamente neutro e democrático tinha na realidade passado por horas e horas de trabalho antes da desconstrução. Era um corpo esculpido. E mais, era preciso reconhecer, afinal, o corpo tinha zonas erógenas, buracos negros e alguns momentos eram mais importantes que outros na vida. O expressionismo reaparecia sobre tudo quando se pretendia já o ter ultrapassado.

 

Marianne Baillot (Bio)

Vive e trabalha entre o Porto e Tours. Depois de obter o seu Mestrado em Ciências Políticas (MA) formou-se em dança contemporânea na Áustria (SEAD; Anton Bruckner Univ.) e em França (CNDC-Angers; Transforme-Fondation Royaumont). Do seu percurso como performer salienta-se as colaborações com António Pedro Lopes, Rita Natalio, Charlotte Plasse, Anne Juren, Séverine Rième. Desde 2008, encenou as suas próprias peças com um estilo desconstrutivista e burlesco, onde corpos-figuras ou fundidos na paisagem devem realizar tarefas impossíveis: mergulhar na sensação sem perder a visão; escapar dos abusos da memória e da antecipação; revelar múltiplas dimensões no mesmo tempo. A sua dança tem que transmitir a ideia que a arte da dança é uma prática poderosa para compreender a psique humana e explorar as relações entre humanos e sistemas (tecnológicos, representacionais, linguísticos e sociais). É artista apoiada pela Region Centre-Val de Loire e artista associada do Maus Hábitos, Porto.

Sala de Espetáculos

Estou vivo e escrevo sol

por Isabel Barros

Metade de mim é mar e a outra metade são palavras pousadas no silêncio. Habitada por uma espécie de paisagem do tempo, de um tempo suspenso, tento realizar essa paisagem de mim. Estou vivo e escrevo sol, de António Ramos Rosa, é uma das frases que tantas vezes encontro. Palavras grandes, inteiras e sempre delicadas. Escolho-as para dar nome à performance sobre uma paisagem possível de um eu.

 

Isabel Barros (bio)

Coreógrafa, encenadora, diretora artística. Fez a sua primeira aula de ballet aos 8 anos. Após a sua formação inicial em dança clássica com Ruth Howner realizou diversos cursos em dança contemporânea e composição em Paris, onde residiu e estudou no Institut d’Études Théâtrales-Paris III. Em Berlim fez um estágio com Susanne Linke no qual desenvolveu trabalho de performance a solo, tendo após essa experiência criado diversos solos, e sendo ainda um formato ao qual pontualmente volta. Estudou teatro e conclui a licenciatura do Curso Superior de Teatro na Escola Superior Artística do Porto. Desde 1992 tem apresentado regularmente as suas criações. Nos seus espetáculos teve colaboração de diversos artistas tais como Pedro Tudela, Albuquerque Mendes, Carlos Guedes, Jonathan Saldanha, Regina Guimarães, Daniel Worm d’Assumpção, Nuno Meira, Nuno Gama, João Paulo Seara Cardoso, Roberto Neulichedl, André Cepeda, João Vaz de carvalho, Vítor Rua, entre outros. Colaborou em diversos espetáculos do Teatro de Marionetas do Porto, encenados por João Paulo Seara Cardoso. Como programadora concebeu para o balleteatro auditório diversos ciclos de espetáculos nas áreas da dança, do teatro e da música privilegiando formatos transversais e alternativos e dedicando momentos para criadores emergentes. Recebeu o prémio Almada (1999), atribuído ao balleteatro, como distinção do trabalho realizado ao nível da programação. Em 2015 recebeu também a Medalha de Mérito cultural grau ouro em nome do balleteatro. Foi membro da rede internacional e membro do conselho artístico Repérages Danse à Lille, desde 1999 até ao fim da existência desta rede, 2011. É responsável pela coordenação de vários projetos de carácter social, tendo nos últimos anos trabalhado com várias comunidades. Em 2008 lançou o seu primeiro livro, Quando é que chegamos? Especialmente dirigido às crianças. É autora, escrevendo um artigo de opinião mensal para a Porto 24. Desde Novembro de 2010 é diretora artística do Teatro de Marionetas do Porto e Museu das Marionetas do Porto, inaugurado em Fevereiro de 2013.

Sala de Espetáculos

ABC Universal Commercial

por Joclécio Azevedo 

Em 1874 foi publicado no Reino Unido o guia “The Universal Commercial Electric Telegraphic Code”, um manual prático de codificação para mensagens telegráficas de conteúdo comercial organizado por W. Clauson-Thue. Com um vocabulário enumerado e dividido em palavras-chave e frases curtas, o guia servia como compilação de um sistema engenhoso para a codificação de mensagens protegidas por uma chave comum de descodificação. Nesta performance recupero algumas das frases de referência deste volume, extraídas do seu contexto e da sua função original. Transformadas em material performativo nesta versão compacta, estas palavras e frases fundem-se num texto contínuo e labiríntico, consolidando-se em torno de uma espécie de linguagem estranhamente vaga e familiar. A deturpação do texto original serve de pretexto para uma abertura interpretativa, invadindo outros territórios poéticos e subvertendo a organização do discurso.

 

Joclécio Azevedo (bio)

Vive no Porto desde 1990. Os seus trabalhos atravessam diferentes disciplinas artísticas, tendo-se dedicado mais intensamente à criação coreográfica a partir de 1999. Tem participado regularmente em projectos de criação e investigação, desenvolvendo colaborações e integrando residências artísticas em diversos contextos, dentro e fora do país. Além do seu trabalho como performer, tem desenvolvido acções de formação ligadas à coreografia, dramaturgia e mais recentemente à sonoplastia. Foi director artístico do Núcleo de Experimentação Coreográfica, no Porto, entre 2006 e 2011. Actualmente é membro da direcção plenária da GDA e do Conselho de Curadores da Fundação GDA. Integra, desde 2012, o projecto “Artista residente” da Circular Associação Cultural em Vila do Conde. A partir de 2016 colabora como assistente convidado no Curso de Especialização em Performance na FBAUP.

Pátio Azul

I'M YOUR SLAVE, I'M YOUR MASTER

por Cristina Mateus

Concerto/Performance pelos Twin Girls e Wild Boys

 

Cristina Mateus (bio)

Vive e trabalha no Porto. Nos últimos anos apresentou as exposições individuais J. e as Pedras (Espaço Mira, Porto), ИOIT (Galeria Fernando Santos, Porto) e Répétition (Círculo de Artes Plásticas de Coimbra) e participou nas exposições colectivas Lugares de viagem – Bienal da Maia 2015, Homeless Monalisa (Colégio das Artes, Coimbra), Diálogo (Galeria Fernando Santos, Porto), Uma (Painel – galeria da FBAUP, Porto), P.- uma homenagem a Paulo Cunha e Silva, por extenso (Galeria Municipal do Porto). Realizou também em 2015 a cenografia para Lastro da coreógrafa Né Barros e participou como intérprete no filme A Santa Joana dos Matadouros de João Sousa Cardoso (2016). Em 2016 presentou a performance ...de qualquer modo há um ritmo forte...e tu sabes o que é. Não dá para parar  (Maus Hábitos, Porto). Concepção do Videoclip para a faixa Sleep do album Three-Body Problem, @c, de Pedro Tudela e Miguel Carvalhais, lançado no cinema Passos Manuel, Porto. Residência Artística Comunitária no concelho de Mogadouro, Trás-os-Montes, a convite de João Pinharanda e da Fundação EDP, com início em Abril de 2016, e que terá conclusão em Setembro de 2017. Neste ano apresenta a performance Password no Projeto E Agora...? de Susana Chiocca na Noite de performances, Maus Hábitos, Porto. Participação na exposição colectiva Them or Us, Um projecto de ficção científica, social e política, com curadoria de Paulo Mendes na Galeria Municipal do Porto. Concerto/Performance BOMBE À RETARDEMENT (BEFORE) pelos Twin Girls And Wild Boys, banda da qual faz parte, na noite de inauguração desta exposição.

Sala de Espetáculos

BITCHO

por Susana Chiocca em colaboração com Alberto Lopes & Maria João Silva

BITCHO é uma figura ambígua que se vai transmutando nas diversas apresentações. Mantendo uma relação orgânica com o que a rodeia, questiona-se sobre o mundo, o momento, a sexualidade, as origens... É um projecto iniciado em 2012 desenvolvido a partir de uma estrutura sonora, visual e textual.

 

Susana Chiocca (bio)

Doutorada em Arte contemporânea pela Faculdade de Belas Artes de Cuenca em 2016. Licenciada em Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em 1999. Organizou algumas exposições e eventos performativos, destacando-se a programação do espaço a Sala entre 2006-2010, em parceria com António Lago. Tem participado em diversas exposições, eventos e workshops desde 1999. Enquanto artista, trabalha de uma forma intuitiva o momento e a actualidade político-social, relacionando os vários acontecimentos numa aproximação ao outro. Tem desenvolvido trabalho em vários terrenos como o desenho, a instalação, o vídeo, o som, a fotografia e a performance. Desde 2005 que investiga em torno do texto e do spoken word em projectos como Balla Prop, em co-autoria com Ana Ulisses, ou BICTHO onde a performance, a plasticidade, a música e o vídeo se conjugam.