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PERFORMANCES

16 OUTUBRO | 21H30 | MAUS HÁBITOS

PRIVATE COLLECTION: CICLO DE PERFORMANCES

Joana Craveiro | Jorge Gonçalves | Miguel Bonneville

Neste ciclo de performances associado ao festival Family Film Project, os artistas são desafiados a explorar performativamente a partir de materiais de arquivo, pessoais ou não, ou de problematizações da memória. O objeto principal é apresentar propostas performativas nas suas valências expandidas (interdisciplinares, deslocações espaciais, deslocações temáticas). Ao mesmo tempo que se problematizam intimidades e familiaridades, projetam-se possibilidades criativas que atravessam disciplinas e fronteiras, reforçando, dentro do evento-festival, a linha fina entre o real e o performativo.

21h30 | Sala de Espetáculos

Silêncios persistentes

por Joana Craveiro

Uma performance sobre tudo o que fica por dizer numa conversa, sobre a deterioração das imagens, sobre aquilo que as imagens não contam e aquilo que irremediavelmente se perde com os que morrem sem nós lhes termos perguntado. E sobre os segredos das famílias. E esta vontade sempre tão grande de reconstituir o que não é reconstituível.

 

Joana Craveiro (bio)

Encenadora, atriz, dramaturga, professora. Fundou o Teatro do Vestido em 2001 e dirige-o desde então. A relação entre os acontecimentos históricos e as suas representações no presente, bem como a recolha de memórias e histórias de vidas, e as cartografias poéticas e afetivas das cidades são algumas das questões a partir das quais tem trabalhado e investigado. No meio disso tudo, fez um doutoramento e umas coisas mais. E estudou com os Goat Island e com Alexander Kelly, com quem aprendeu sobre colaboração, devising e autobiografia. Tudo isso já eles andavam a fazer no Teatro do Vestido, só não lhe davam esses nomes. Ela gosta de palavras, de pessoas, de plantas e de imagens. E escreve de acordo com a antiga ortografia. Para ela não é antiga, mas tudo bem.

22h | Sala de espetáculos

A domesticidade de um rinoceronte e a imaterialidade em mãos 

por Jorge Gonçalves

Uma investigação da performatividade das mãos nos modos como apreendem o mundo e como o mundo as apreende. Desde a gestualidade ao funcionalismo, as mãos imbuem-se em frases performativas nas mais diversas narrativas, do íntimo ao público, do tateante ao imaginário, indiciando diferentes coreografias de relações com objetos e espaços fictícios, espetadores e abstrações. Através de processos de assemblagem e colagem, a performance propõe uma coreografia de relações visuais e verbais em que o performer orquestra, entre si e o público, as coordenadas gestuais e deícticas que revelam a mecanicidade de como os diferentes espaços e temporalidades são revelados através e pelas mãos.

Com o apoio do Balleteatro, MIRA Artes Performativas e Teatro Municipal do Porto.

 

Jorge Gonçalves (Bio)

Como independente, trabalha no âmbito das artes performativas como curador, coreógrafo, dramaturgo, produtor, performer e professor. De 2009 a 2017, cofundou e dirigiu a estrutura de programação de artes performativas, MEZZANINE. Em 2009, foi o corresponsável artístico e gestor da OOPSA Associação e, de 2008 a 2011, cofundou e dirigiu a estrutura de produção Obra Madrasta. É licenciado em Engenharia (FEUP, 2002), tem o Curso de Dança Contemporânea no Balleteatro Escola Profissional (2005), frequentou o Mestrado em Performance Artística – Dança (FMH, 2006) e o Amsterdam Master of Choreography (AHK, 2014). Desde 2006 que tem vindo a produzir e a apresentar o seu trabalho artístico em Portugal, Alemanha, Áustria, Espanha e Holanda. Desde 2003, tem trabalhado com diversos coreógrafos como Anna Pehrsson, Litó Walkey, Rebecka Stillman, Elisabete Finger, Dinis Machado, DD Dorvillier, Mathilde Monnier, Daniel Kok, Goro Tronsmo, Isabelle Schad, Keith Lim e Né Barros. Tem colaborado com diversas instituições a nível nacional (Balleteatro, Asas de Palco, MARTE, Casa da Música) e internacional (HZT e Tanzfabrik Berlin), dirigindo workshops, e trabalhando como mentor de estudantes de artes performativas.

www.jorgegoncalves.org

22h30 | Sala de Espetáculos

Futuro Suicida

por Miguel Bonneville

Que saibas que o que existia no passado está agora adiante, como uma orquídea num jardim de inverno, sangrando de uma cesariana. - René Char.

Em Family Project (2007-2009) Miguel Bonneville criou diversas obras em torno da ideia de família, expondo as suas origens, o seu contexto, e as marcas permanentes dos traumas de infância – a família como essência do mal. Com Futuro Suicida regressa a uma análise incisiva que atravessa o tempo: o adulto de hoje propõe-se a matar a criança que o projetou precisamente para esse fim, deixando espaço para criar a verdadeira infância – a infância do futuro.

 

Miguel Bonneville (bio)

Miguel Bonneville (Porto, 1985) introduz-nos a histórias autobiográficas centradas na desconstrução e reconstrução da identidade através de performances, desenhos, fotografias, vídeo, música e livros de artista. Desde 2003 tem apresentado o seu trabalho em galerias de arte e festivais nacionais e internacionais, sobretudo os projetos Family Project, Miguel Bonneville e A Importância de Ser. Concluiu os cursos de ‘Interpretação’ na Academia Contemporânea do Espetáculo (2000-2003), ‘Artes Visuais’ na Fundação Calouste Gulbenkian (2006), ‘Autobiografias, Histórias de Vida e Vidas de Artista' no CIES-ISCTE (2008), ‘Arquivo – Organização e Manutenção’ no Citeforma (2013), ‘Costurar ideias’ na Magestil (2013), e ‘Cyborgs, Sexo e Sociedade’ na FCSH (2016). Fez parte do núcleo de artistas da produtora de dança contemporânea Eira (2004-2006) e da Galeria 3+1 Arte Contemporânea (2009-2013). Recebeu o Prémio Ex Aequo (2015) pelas performances Medo e Feminismos, em colaboração com Maria Gil, e A Importância de Ser Simone de Beauvoir. Foi artista residente no Sítio das Artes, CAMJAP - Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, 2007), Homesession (Barcelona, 2008), Mugatxoan - Fundação de Serralves (Porto, 2010), Festival Transeuropa2012 (Hildesheim, 2012), Arts Printing House (Vilnius, 2013), Arte y Desarrollo (Madrid, 2014), e La Box (Bourges, 2018), entre outros. Leciona esporadicamente composição de performance autoral em diferentes estruturas nacionais e internacionais.