Declaração do Júri:
Filme que mergulha na complexidade humana extrapolando uma poesia fílmica que encontra a sua única âncora na inusitada contabilidade de momentos marcantes de uma vida. O cinema a fecundar a espiritualidade habitando uma arrojada estrutura imagética que cria as suas próprias paisagens num travelling pelas profundezas do humano.
Declaração do Júri:
Por ser um filme inventivo e sensível sobre o nosso momento contemporâneo que nos confronta com o arquivo digital do presente, e da conectividade mediada tecnologicamente, e nos obriga a questionarmos o sentido dos registos permanentes que fazemos de nós próprios e do mundo, com vista menos à memória e ao arquivo, do que à comunicação e à interacção com os outros. Existimos em função desses traços, que nos despersonalizam e alienam de nós próprios e nos tornam invisíveis para os outros: só existo se uma câmara me gravar. Se ninguém me vê, será que existo?
Declaração do Júri:
Este filme pungente sobre uma juventude fracturada entre duas famílias fala da época em que vivemos, onde todos se tornaram, de certa forma, cineastas. O filme mostra-nos que a realização de um filme como meio de representação comunicativa não dá, por si só, um adiamento à alma danificada até que esta seja satisfeita pelo belo e profundo fracasso da representação comunicativa na própria vida que dá lugar a algo transformador tanto dentro como fora do simbólico.
Declaração do Júri:
Por se tratar de uma ficção familiar atravessada por várias tonalidades narrativas, da mais realista e crua à mais fantástica e simbólica, sobre um processo de desenraizamento seguido de um literal reganhar de raízes, que é também uma meditação sobre as relações familiares e sobre o enigma associado a qualquer vida, mesmo que seja a de alguém a que estamos unidos por laços de sangue e filiação.