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MASTERCLASS | CATARINA ALVES COSTA

Catarina Alves Costa

Catarina Alves Costa é realizadora e antropóloga. Realizou, entre outros filmes, Margot (2022),  Viagem aos Makonde (2020) Pedra e Cal (2016) Falamos de António Campos (2010) Nacional 206 (2009) O Arquiteto e a Cidade Velha (2004) Mais Alma (2000), Swagatam (1998) Senhora Aparecida (1994) e recentemente compartilhou a realização de Um Ramadão em Lisboa (2019).
Formada em Antropologia Social, fez o Mestrado no Granada Centre for Visual Anthropology da Universidade de Manchester, como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e o Doutoramento na Universidade Nova de Lisboa com a tese Camponeses do Cinema. Representações da Cultura Popular no Cinema Português. Em 2000 fundou, com Catarina Mourão, a produtora Laranja  Azul onde produziu filmes de Daniel Blaufuks, Sílvia Firmino e João Ribeiro, entre outros. É Professora Auxiliar da Universidade Nova de Lisboa e Coordenadora do Mestrado em Antropologia – Culturas Visuais e do Laboratório Audiovisual, Pólo FCSH do Centro em Rede em Antropologia / CRIA.  Organizou para a Cinemateca / Museu do Cinema os Arquivos Etnográficos de Margot Dias filmados em Moçambique e Angola entre 1958 e 1961. Ensina também nos mestrados e doutoramentos da Universidade de São Paulo, no Brasil, e na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Barcelona. Recebeu entre outros, o Prémio Melhor Documentário do Festival de Filme Etnográfico de Recife (2019), Prémio da Crítica nos Caminhos do Cinema Português (2009), Prémio Planéte no Bilan du Film Ethnographique (1999), o Prémio de Excelência da Society for Visual Anthropology American Anthropological Association Film Festival, EUA e o 1.º Prémio do Festival VII Rassegna Internazionale di Documentari Etnografici (1996).

MASTERCLASS

21 OUT | 15h00 | PASSOS MANUEL | 60'

ENCANTAMENTO, EXPLORAÇÃO E DESCOBERTA: 
PROCESSOS DE FILMAR NO CRUZAMENTO DA ARTE COM A ANTROPOLOGIA

MASTERCLASS COM CATARINA ALVES COSTA

Esta Masterclass faz uma incursão no filme etnográfico e no documentário, abrindo perspetivas para a sua realização e discutindo temas práticos e teóricos: estilos cinematográficos, linguagem e ética. A partir do visionamento e da análise de excertos de filmes vou falar do meu caminho como realizadora. Primeiro, o confronto com o terreno e a forma como pensei os projetos nos primeiros filmes que realizei: Regresso à Terra (1992) e Senhora Aparecida (1994). A ideia é entrar um pouco nas discussões acerca das opções de linguagem, da ética e da técnica. Importante, ainda, será referir o trabalho de pesquisa e documentação, a necessidade de sair do mundo que se conhece. Falarei ainda da rodagem, entre o improviso e a encenação, em especial no trabalho de realização de etnografias visuais em projetos museológicos e de pesquisa antropológica com discussão de excertos de A Seda é um Mistério (2001) e Casas para o Povo (2010). Será ainda abordada a construção da dramaturgia e as narrativas locais, a ambiguidade e conflito em especial no filme O Arquitecto e a Cidade Velha (2004). Por fim, a poética e autoria, lançando um debate acerca da ideia de uma intimidade que só se consegue com uma certa imaginação etnográfica...

FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO:

https://bit.ly/FFP22_masterclass-catarina

SESSÃO 1

21 OUT | 16h00 | PASSOS MANUEL | 67’

REGRESSO À TERRA

1992 | PORTUGAL | DOC | 35’

Este filme mostra a vida numa pequena aldeia do Minho, no Norte de Portugal, durante um Verão. Com a chegada dos emigrantes, reinventa- -se a pertença à terra e às tradições ligadas ao mundo rural. Um filme poético sobre uma certa nostalgia de um mundo a acabar.

A SEDA É UM MISTÉRIO

2003 | PORTUGAL | DOC | 32’

Um filme feito para o Museu de Castelo Branco, sobre o processo artesanal de fabrico da seda. No início do filme, Teresa Frade sobe à única amoreira da Rua da Amoreirinha, na cidade de Castelo Branco, à procura de alimento para os seus bichos da seda...

CONVERSA COM CATARINA ALVES COSTA

22 OUT / OCT - 17H00 - CINEMA TRINDADE - 45’ 

CATARINA ALVES COSTA: A MULHER DA CÂMARA DE FILMAR 

POR HUMBERTO MARTINS

Sobre Catarina Alves Costa já escrevi, em tempos, que foi decisiva na inauguração de uma nova fase do cinema documental em Portugal. Passados mais alguns anos, o ‘seu’ amor ao documentário permanece igual, numa busca incessante por conhecer com a câmara de filmar, justamente porque a realidade é inesgotável para os seus objetos de desejo fílmico. Nesta conversa voltaremos aos seus filmes, falando do passado, do presente e do futuro, de antropologia, do conhecer com a câmara de filmar, do potencial revelador deste meio, do modo como as pessoas e a realidade podem ser conhecidas de formas diversas. Do muito que ainda há por fazer para que a antropologia visual ganhe espaço de reconhecimento em Portugal, e dos caminhos trilhados pelo documentário e os/as documentaristas nos últimos trinta anos.

-Humberto Martins

BIOGRAFIA 
Humberto Martins é antropólogo. Atual diretor da revista Etnográfica, professor auxiliar na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e investigador do Centro em Rede de Investigação em Antropologia. Com formação em antropologia visual, tendo concluído o doutoramento em Antropologia Social com uso de Meio Visuais (Manchester, 2005), há muito que vê, faz, programa, participa em júris de festivais e mostras de filme etnográfico, assim como tem escrito, publicado e ensinado nesta área. Recentemente organizou e editou em conjunto com Catarina Alves Costa o dossier temático na revista Aniki, “Olhar para Trás: Histórias enredadas do cinema e da antropologia” (2022, v. 9 n. 2 (2022): Cinema e antropologia).

SESSÃO 2

22 OUT | 17h50 | CINEMA TRINDADE 

O ARQUITETO E A CIDADE VELHA 

2002 | PORTUGAL | DOC | 72’

Um arquiteto, Álvaro Siza, e a sua equipa, são chamados a coordenar o projeto de recuperação da Cidade Velha, na ilha de Santiago, em Cabo Verde. O objetivo final é a candidatura desta cidade a Património Mundial da UNESCO. A Cidade Velha é um local histórico: anteriormente chamada Ribeira Grande, foi a primeira cidade fundada pelos portugueses em Cabo Verde. Todo este processo suscita na população local grandes expectativas quanto à melhoria das suas condições de vida. Este filme conta a história do encontro entre estes dois mundos, o do arquiteto e o da população, acompanhando ao longo de três anos algumas das histórias que aconteceram...

SESSÃO 3

16 OUT | 21h30 | CINEMA TRINDADE 

SENHORA APARECIDA

1994 | PORTUGAL | DOC | 55’

No lugar de Aparecida, zona industrial no Norte de Portugal, a festa anual que tem lugar no dia 15 de Agosto está a ser preparada. Os andores são decorados e os caixões em que serão, de acordo com uma tradição secular, deitados os penitentes já estão preparados. O novo padre, no entanto, quer terminar com a tradição das promessas de fazer os “enterros”. O conflito é inevitável. Este é um filme que conta a história dos pagadores de promessas à Senhora Aparecida, dos seus anseios e das suas histórias pessoais, refletindo sobre a religiosidade tradicional e a religiosidade oficial, a tradição e a modernidade.