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ARTISTA CONVIDADO | PETER FREUND

PETER FREUND

Peter Freund é um artista, escritor e curador residente em Barcelona. É também professor de Artes no Saint Mary’s College na Califórnia (EUA), onde ensina a prática e a teoria das Artes com ênfase na criação concetual e digital. A sua tese de doutoramento em práticas artísticas de imagem-palavra derivadas da impossibilidade de linguagem. Desde 2019, tem vindo a desenvolver a ideia de “retração artística” em publicações (Retraction, A-Desk, Nov 2020), no trabalho curatorial (Retracted Cinema, CCCB Xcèntric, Family Film Project) e na sua prática artística (individual e colaborativa). www.peterfreund.art 

MASTERCLASS + FILMES EXPERIMENTAIS

20 OCT  16H00  BATALHA CENTRO DE CINEMA  80’

APPROPRIATION: THE PRODUCTIVE
FAILURE TO RE-ENACT

Peter Freund apresentará uma masterclass sobre o seu trabalho numa breve declaração de abertura antes das projeções programadas e em breves introduções antes de cada filme. O tema geral desta masterclass dispersa será o uso da apropriação (imagem, texto, som) como meio artístico para investigar os temas fugidios do tempo e da memória histórica através do fracasso decisivo, mas produtivo, da reconstituição. Haverá um debate aberto após as projeções.

 

Formulário de Inscrição: LINK

Masterclass em parceria com Instituto de Filosofia da Universidade do Porto

 

THE END OF AN ERROR

2014 | USA | DOC/EXP | 10’

As audições Army-McCarthy de 1954 marcaram o início inconfundível do fim do período do “Red Scare” nos Estados Unidos. Produzido para o sexagésimo aniversário das audições televisivas, «The End of an Error» remodela o registo de arquivo para dar uma vista de olhos a este importante acontecimento histórico. Ao ficcionalizar a história como uma lição de história narrada do Irão contemporâneo (voz em Farsi com legendas em inglês), esta videoinstalação de três projeções, apresentada
aqui em formato de canal único, reposiciona o centro narrativo esperado e relata o desaparecimento da “ameaça comunista" do ponto de vista do que desde então desenvolveu-se na imaginação americana como o “estado terrorista”. Em última análise, a peça questiona: a partir de onde nos lembramos nós de um triunfo na história?

CAMP

2011 | USA | FILME/ENSAIO / FILM/ESSAY | 7’

Cruzando as tradições da fotomontagem e do filme-ensaio, “Camp” sobrepõe a estética exagerada e a figura do campo de concentração. Este trocadilho ostensivamente acidental e inegavelmente problemático desenvolve-se numa estrutura conceptual feita a partir de excertos escolhidos da obra- prima exagerada de Busby Berkeley de 1943, “The Gang’s All Here” e material documental utilizado nos Julgamentos de Nuremberga de 1945-46. Dois narradores, um em árabe e outro em mandarim, refletem sobre os significados políticos e teatrais de “camp” ao explorar o papel da fantasia na memória histórica traumática e a origem ética do gozo extravagante.

HISTORY LESSON

2010/2020 | USA/SPAIN | DOC/EXP | 7’

A imagem do comunista encontra-se à prova da comutação. Uma auto-descrição recitada dos Wobblies (os Trabalhadores Industriais do Mundo, ou IWW) é continuamente recalibrada em tempo real em relação a um trecho de um filme do início do século XX que documenta os trabalhadores a vaguear pelos terrenos de uma fábrica. O registo é apresentado pela primeira vez em tela, depois volta a ser projetada nas facadas de um espaço de uma fábrica abandonada. «History Lesson» levanta a questão da sincronização na montagem imagem-narração e obliquamente na relação entre a imagem contemporânea da “classe operária”, o tempo não laboral e uma política emancipatória.

ERASED MOSSADEGH

2015 | USA | DOC/EXP | 11’

Esta “comemoração subtrativa” do golpe de 1953 orquestrado pelos EUA no Irão utiliza o falso testemunho como meio para explorar a natureza da memória histórica. O primeiro ministro deposto Mohammed Mossadegh, interpretado por Nasser Rahmaninejad, apresenta alternadamente três relatos inconsistentes do golpe, extraídos diretamente da linguagem das memórias do Xá, dos documentos de planeamento da CIA para o golpe e de uma célebre argumentação de esquerda contra o imperialismo norte-americano. Nem uma única palavra de Mossadegh é utilizada. Entrelaçados como um único testemunho dado pelo protagonista errante, os textos não se somam decisivamente. À luz do revisionismo histórico de hoje, o fracasso começa a refletir sobre os usos do testemunho e da documentação para obscurecer não apenas o registro factual, mas também, mais radicalmente, a dimensão inevitavelmente fictícia de toda a memória histórica.