Realizadora de cinema japonesa, Naomi Kawase foi a realizadora mais jovem de sempre a receber a Caméra d’Or (para Melhor Longa-metragem de Estreia) no Festival de Cannes, com o filme Moe no suzaku [1997].
Kawase iniciou a sua carreira como realizadora com documentários autobiográficos. Ni tsutsumarete (Embracing) [1992] documentou a sua busca para encontrar o seu pai que, após o divórcio com a mãe, não via desde criança. No seu segundo filme, Katatsumori [1994], Kawase retratou a sua tia-avó, que a criou. Estes e outros temas familiares íntimos são recorrentes na filmografia não-ficcional de Kawase entre 1992 e 2012.
Desde 1997, Kawase realizou também várias longas metragens de ficção multipremiadas e aclamadas pela crítica. Em 2007, arrecadou o Grande Prémio de Cannes com Mogari no mori (A Floresta do Luto), onde explorou os temas da morte e do luto, também dominantes nos seus trabalhos anteriores.
21 OUT 16H30 BATALHA CENTRO DE CINEMA - SALA 1 80’
MASTERCLASS POR NAOMI KAWASE, COM MODERAÇÃO POR LUCIANO BARISONE
Na sua masterclass, Naomi Kawase fará um enquadramento geral da sua obra cinematográfica a partir dos seus primeiros filmes de cunho documental e autobiográfico, trabalhos seminais que, segundo a cineasta, lhe permitiram estabelecer uma conexão com o mundo e a levaram a dedicar a sua vida ao cinema. Filmes pessoais, íntimos, domésticos – como Embracing [1992] e Katatsumori [1994], onde explorou a sua história familiar, bem como a sua própria construção identitária – foram fundamentais na definição de uma sensibilidade e estilo cinematográficos que prevaleceram nos seus trabalhos posteriores, incluindo nas obras ficcionais mais recentes.
A autorrepresentação, o corpo como matéria fílmica, a horizontalidade das relações matéria/espírito e humano/natureza, a autenticidade cinematográfica (no contexto de uma superação da dicotomia documentário/ficção) ou o jogo entre o visível e o invisível constituem alguns dos temas tantas vezes abordados nas reflexões cinéfilas sobre a obra de Naomi Kawase. É também à luz destes e outros tópicos que Kawase nos falará da sua visão e do seu percurso como realizadora.
Masterclass em parceria com Instituto de Filosofia da Universidade do Porto
APRESENTADO POR LUCIANO BARISONE
BIOGRAFIA
Luciano Barisone é um jornalista italiano e crítico de cinema. Formou-se em Literatura e Etnologia. Colaborador dos festivais de Veneza e Locarno (1997-2010). Diretor do Infinity - Festival internacional de Cinema de Alba (2002-2007), do Festival dei Popoli em Florença (2008-2010) e do Visions du Réel em Nyon, Suíça (2011-2017). Atualmente, é produtor artístico, consultor internacional e analista de novos projetos cinematográficos. Entre 1997 e 2023 foi membro do júri em mais de trinta festivais internacionais de cinema.
20 OUT 18H00 BATALHA CENTRO DE CINEMA - SALA 1 110’
SESSÃO COM A PRESENÇA DA REALIZADORA
1994 | JAPÃO | DOC | 40’
Dois anos depois de EMBRACING, Kawase Naomi filma a vida quotidiana com a avó (mãe adotiva).
As imagens comoventes descritas através do crescimento das ervilhas cativam o público.
1995 | JAPÃO | DOC | 10’
A continuação de KATATSUMORI. O filme revisita a relação de Kawase com a sua “avó”, capturando o amor e o apego que têm uma pela outra.
1996 | JAPÃO | DOC | 45’
A última parte da trilogia, depois de KATATSUMORI e SEE HEAVEN. Filmando a sua “avó” e ela mesma, o olhar e as perceções de Kawase são lançados sobre os seres adoráveis diante dos seus olhos.
20 OUT 21H15 BATALHA CENTRO DE CINEMA SALA 1 100’
MODERAÇÃO DA SESSÃO: LUCIANO BARISONE
1992 | JAPÃO | DOC | 40’
Embrancing relata a busca de Kawase pelo pai que a abandonou em criança.
2001 | JAPÃO | DOC | 50’
Kawase tenta reconciliar-se com o seu falecido pai que nunca chegou a conhecer e contempla fazer uma tatuagem igual à sua.
21 OUT 18H00 BATALHA CENTRO DE CINEMA - SALA 1 100’
2004 | JAPÃO | DOC | 26’
Kawase Naomi, cujo trabalho tem consistentemente apresentado uma figura paterna ausente, encontra-se “com ele” através do corpo de uma atriz. Uma crítica ao género cinematográfico pessoal, uma vez que a situação encenada revela emoções e subjetividade reais.
2006 | JAPÃO | DOC | 39’
A realizadora eleva o tom com fúria e acusa a mãe adotiva de ter ameaçado abandoná-la. A sua impaciência com a senilidade da mãe adotiva e o olhar afetuoso a posar no seu corpo nu e envelhecido. O nascimento do filho. Doze meses depois de Katatsumori, no primeiro filme sobre a mãe adotiva, a realizadora retrata uma vida que se aproxima do fim até quando dá luz a outra vida. Este trabalho comovente justapõe subtilmente os dois.
2012 | JAPÃO | DOC | 45’
Naomi Kawase nasceu num mundo onde os seus pais estavam ausentes. A sua tia-avó e o seu tio não tinham filhos e, logo após o seu nascimento, ficou ao cuidado deles, quando estes já tinham 65 anos. Chiri é o acompanhamento do fim da vida da sua mãe adotiva...
21 OUT 21H15 BATALHA CENTRO DE CINEMA - Sala 1 120'
2010 | JAPÃO | DOC | 92’
O título, Genpin, sobrepõe-se às palavras do filósofo chinês Lao Tzu, “o espírito do vale jamais morre / chama-se a mulher misteriosa (genpin).” No filme, o obstetra Yoshimura Tadashi reflete sobre a relação entre parto e morte, e observa, mais como ser humano do que como médico, que negar a morte é negar a vida. A vida que nasce neste mundo, a vida que termina no momento do nascimento, a vida que termina antes do nascimento. As vidas não cessam como uma vida solitária, mas são levadas a cabo pela espécie e continuam. Através do fluxo das estações Japonesas, Naomi Kawase entrou no círculo das mulheres que deram à luz na clínica Yoshimura e no mundo do Dr. Yoshimura, que passou 40 anos no caminho do parto natural e teceu as imagens que filmou com sua própria câmara de 16 mm neste filme.