14 a 19 de outubro | Porto | Cinema Trindade, Passos Manuel, Coliseu Porto Ageas, Maus Hábitos
8º Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia
O Family Film Project – Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia – retorna ao Porto para a sua 8.ª edição com um programa variado que homenageia o registo criativo da memória, o experimentalismo da imagem, o cinema da intimidade e o olhar antropológico.
Com as suas habituais sessões competitivas, masterclasses, eventos performativos e vídeo-instalações, o festival coloca-se uma vez mais sobre as fronteiras concetuais do cinema e no diálogo que este estabelece com outras artes e áreas do pensamento.
Tal como nos anos anteriores, o festival organiza-se segundo três zonas temáticas: Vidas e Lugares (com enfoque no registo voyeurístico, biográfico ou documental de habitats e quotidianos), Memória e Arquivo (dedicada a olhares criativos a partir de testemunhos e found footage) e Ligações (centrada nas dinâmicas interpessoais e comunitárias). Reserva-se também um espaço dedicado aos géneros de ficção e animação, com uma seleção competitiva que, este ano, terá uma representação nacional particularmente forte. Ao todo, as secções competitivas do festival apresentam mais de duas dezenas de filmes de nacionalidades diversas, da curta à longa-metragem, do documentário ao género experimental, sempre num registo que se estende da plasticidade intimista do “home-movie” à paisagem etnográfica.
Cláudia Varejão é a artista convidada desta 8ª edição, dando continuidade ao objetivo do festival de homenagear – pelo quarto ano consecutivo – o cinema português e os seus cineastas. Cláudia Varejão traz-nos, neste ciclo, uma fatia considerável da sua obra cinematográfica, dividida em três sessões: Ama-San, exibida na noite de abertura do festival, No Escuro do Cinema Descalço os Sapatos e, ainda, a trilogia de curtas-metragens Fim-de-semana, Um Dia Frio e Luz da Manhã. Com uma obra de imensa sensibilidade, muitas vezes versada sobre quotidianos familiares e comunitários, esta cineasta natural do Porto apresenta – pela primeira vez na sua cidade de origem – uma amostra abrangente do seu trabalho premiado internacionalmente.
Jaimie Baron (EUA) é a convidada para a masterclass programada na edição deste ano. Autora do influente livro The Archive Effect: Found Footage and the Audiovisual Experience of History, tem vindo a firmar-se como um nome incontornável do pensamento contemporâneo sobre o tema do arquivo e do cinema de found-footage. Na sua masterclass (Re)exposing Intimate Traces: Archive, Ethics and the Multilayered Gaze irá falar-nos sobre a delicada relação entre estética e ética na apropriação de materiais de arquivo com caráter privado ou íntimo para fins cinematográficos.
Este ano o Family Film Project estabelece também, pela primeira vez, um intercâmbio cinematográfico com o (In)appropriation – Festival de Cinema Experimental de Found-footage. No âmbito desta parceria, haverá uma sessão (não-competitiva) inteiramente dedicada ao cinema de arquivo, com uma seleção de dez curtas-metragens cedidas pelo festival parceiro norte-americano.
Além das sessões competitivas e não competitivas de cinema, o Family Film Project inclui ainda no seu programa um espaço dedicado à performance e à vídeo-instalação. Tal como em edições anteriores, o ciclo Private Collection retorna com propostas performáticas de abordagem ao arquivo, à memória, ao corpo e às imagens: Nymphomaniac, de Aurora Pinho, rEVOLUÇÃO, de Beatriz Albuquerque, Diaporama v.2, de Cesário Alves, A morte do artista / Not my cup of tea, de Mara Andrade e ainda o jantar-performance LandMarks #5 – The delay or vicious cycle, de Rebecca Moradalizadeh. Será também exibido em permanência, ao longo do festival (no lobby do Cinema Trindade), um conjunto de vídeo-instalações concebidas pelo artista convidado Hugo Mesquita a partir de filmes selecionados.