Daniel Blaufuks (fotógrafo)
João Mendes Ribeiro (arquiteto e cenógrafo)
Jorge Ricardo Pinto (geógrafo)
Moderação por Né Barros (coreógrafa)
Conferência organizada em parceria com: Grupo de Investigação Estética, Política e Conhecimento do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto & Balleteatro
Vinte e seis anos após a queda material e simbólica do Muro de Berlim, os muros voltam a disseminar-se como dispositivos políticos imunitários na Europa. Migrantes, deslocados, refugiados, exilados constituem figuras que se significam em relação a um espaço sedentário onde são marcados os territórios de reconhecimento do mesmo e de rejeição do estranho. Num cenário político de violência extrema, milhões de homens e mulheres deslocam-se sem cartografia definida. Em fuga, num tempo que pode durar uma vida, encontram-se cercados, presos em não-lugares, imobilizados por muros – materiais e imateriais – que convocam cenários onde se joga uma política de destruição do bárbaro através de uma geografia de morte. A sobrecarga de refugiados, mortos e deslocados é, assim, um acontecimento que se significa por referência a um território que, sendo uma noção geográfica, é, antes de mais, segundo Michel Foucault, uma noção jurídico-política, ou seja, aquilo que é controlado por um certo tipo de poder. Com o projeto MUROS I estética, política e artes procura-se, sob uma perspetiva sensível e teórica, pensar o impensado de uma política migratória na Europa, através da problematização da figura do muro como dispositivo histórico e político contemporâneo.
DANIEL BLAUFUKS
Daniel Blaufuks nasce em Lisboa em 1963 numa família de refugiados judeus alemães. A sua formação dividiu-se entre o Ar.Co (Centro de Arte e Comunicação Visual), Lisboa, o Royal College of Art, Londres, e a Watermill Foundation, Nova Iorque. Desde My Tangier (1991), em que colaborou com o escritor Paul Bowles, que o seu trabalho tem pesquisado a relação entre fotografia e literatura. Mais recentemente, em Collected Short Stories (2003), apresentou vários dípticos fotográficos numa espécie de “prosa de instantâneos”, um discurso baseado em fragmentos visuais que insinuam histórias privadas a caminho de se tornarem públicas. Utilizando principalmente fotografia e vídeo, apresenta o trabalho em livros, instalações, filmes e diários fac-similados, como London Diaries (1994) e Uma Viagem a São Petersburgo (1998). O seu primeiro documentário Sob Céus Estranhos (2002) é uma crónica da passagem dos refugiados judeus por Lisboa durante a Segunda Guerra Mundial, entre os quais se incluía a sua família. O filme Um pouco mais pequeno do que o Indiana (2006) é um ensaio sobre paisagem e memória coletiva em Portugal. Os seus filmes têm sido apresentados em festivais em Toronto, São Paulo, Montpellier e no Lincoln Center em Nova Iorque. As suas mais recentes exposições tiveram lugar no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, LisboaPhoto, Centro Cultural de Belém, Lisboa, galeria Elga Wimmer PCC, Nova Iorque, Photoespaña, Madrid, Museu do Chiado, Lisboa. O seu trabalho está representado em várias coleções, entre as quais a da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), Coleção Berardo (Lisboa), Centro Galego de Arte Contemporânea (Santiago de Compostela), Palazzo delle Papesse (Siena), Sagamore Collection (Miami) e The Progressive Collection
JOÃO MENDES RIBEIRO
Nasceu em Coimbra em 1960. Licenciado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto em 1986. Doutorado em 2009 pela Universidade de Coimbra onde é Professor Auxiliar no Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia. Reconhecido com diversos prémios e distinções tais como Prémio Architécti, 1997 e 2000 (Lisboa); Highly Commended, AR awards for emerging architecture, 2000 (Londres); Prémio Diogo de Castilho 2003, 2007 e 2011 (Coimbra); Premis FAD d’Arquitectura i Interiorisme, 2004 (Barcelona); Gold Medal for Best Stage Design, 11th International Exhibition of Scenography and Theatre Architecture – Prague Quadrennial 2007 (Praga); IV Prémio Enor, na categoria Portugal, 2009 (Vigo); Prémio BIAU, VIII Bienal Ibero-Americana de Arquitectura e Urbanismo, 2012 (Cádiz). Foi nomeado para o European Union Prize for Contemporary Architecture – Mies Van Der Rohe Award 2001, 2005, 2011, 2013 e 2015 (Barcelona) do qual foi selecionado em 2001 e 2015. Finalista da II e IV Bienal Iberoamericana de Arquitetura e Engenharia Civil, 2000 e 2004 (Cidade do México e Lima); do Premis FAD d’Arquitectura i Interiorisme 1999, 2001, 2002, 2004, 2006 e 2012 (Barcelona), do Prémio Enor, 2009 , 2011 e 2014 (Vigo) e do Prémio Nacional de Arquitetura em Madeira - PNAM 2015 (Lisboa). Em 2007 recebeu o prémio AICA da Associação Internacional de Críticos de Arte/Ministério da Cultura, atribuído pelo conjunto da sua obra e em 2006 foi distinguido pela Presidência da Republica com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.
JORGE RICARDO PINTO
Jorge Ricardo Pinto (Porto, 1975) é Licenciado, Mestre e Doutor em Geografia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É professor coordenador no ISCET, na licenciatura e no mestrado em Turismo, e professor assistente na UTAD, tendo também lecionado na FLUP e na ESAP. Tem desenvolvido investigação científica em temas como a morfologia e história urbana, a geografia social e a história do turismo, tanto no Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território – CEGOT, onde é membro integrado, como no Centro de Investigação Interdisciplinar e de Intervenção Comunitária – CIIIIC, onde é o investigador responsável pelo projeto de investigação “Culture, Heritage and Identity in Porto – CHIP”. O CV inclui várias comunicações em conferências internacionais, a publicação de artigos científicos em revistas científicas e de divulgação cultural, atas de congressos e quatro livros. Dois livros como autor: "O Porto Oriental no final do século XIX" e “Bonfim – Território de Memórias e Destinos”; e outros dois como coordenador: “Turismo, património e inovação” e “O 285 da rua de Cedofeita”. É ainda subdiretor da revista científica portuguesa: "Percursos e Ideias".