Esta masterclass vai examinar algumas das formas pelas quais os sons e imagens gravados que existem e que designamos como “íntimos” foram reaproveitados. Através da análise de vários filmes que se apropriam de filmes caseiros e de outros materiais “privados”, explorarei como algumas dessas apropriações audiovisuais podem produzir num certo sentido uma violação ética, mas também podem sugerir um grau de “responsividade subjetiva” por parte do artista que se apropria, o que mitiga parcialmente essa violação. No entanto, algumas gravações são vistas não apenas como “privadas”, mas também como “secretas” e potencialmente vergonhosas, o que complica ainda mais a ética da sua reutilização. Os filmes que reutilizam essas gravações secretas muitas vezes tentam moderar o nosso sentido de voyeurismo por meio de uma variedade de estratégias formais; outros, no entanto, exacerbam ativamente o nosso sentido de voyeurismo e exploração. Proponho o conceito de “olhar multifacetado” para nos ajudar a avaliar a ética de uma determinada instância de apropriação audiovisual, sugerindo que é a nossa perceção do olhar original do produtor, do olhar do artista de apropriação e da relação entre os dois, que determinará se a reutilização de tais materiais pode ser considerada ética.

biografia

Jaimie Baron é professora associada de estudos de cinema na Universidade de Alberta, no Canadá. O seu trabalho em filmes e vídeos documentais e experimentais, apropriação audiovisual e media digital foi publicado em The Velvet Light Trap, Discourse, Spectator, Eludamos, Maska, FRAMES, Framework, Projections e antologias, incluindo Global Visual Cultures, Sampling Media, e Contemporary Documentary. O seu primeiro livro, The Archive Effect: Found Footage and the Audiovisual Experience of History foi publicado em 2014. Atualmente, encontra-se a trabalhar num novo livro intitulado “Misuse: The Ethics of Audiovisual Appropriation in the Digital Era. É fundadora, diretora e co-curadora do Festival of (In)appropriation, um festival internacional anual de filmes e curtas-metragens experimentais em found footage. Jaimie é também co-fundadora do Docalogue, um espaço online que promove debates entre académicos e cineastas sobre documentários contemporâneos, que em breve também será convertido numa série de livros publicada pela Routledge Press.

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