Roer
Vera Mota
Roer propõe uma reflexão sobre o binário que distingue a matéria orgânica da inorgânica, sobre a distinção subjetiva entre corpos biológicos e geológicos. Há códigos de linguagem inerentes a esta distinção, que atribuem à matéria qualidades de possessão, propriedade e valor, e por isso a rendem inerte, desgarrada de relações sociais e ecológicas, desprovida de agência. No entanto, embora a matéria possa ser moldada de acordo com a forma que se projeta, a própria forma é determinada pelas qualidades intrínsecas a essa matéria, que se deixa propositadamente falar, invertendo a ordem anterior. Reclamando outras perspetivas de corpo e materialidades, este projeto pretende encenar processos de transfiguração, desclassificação de funções e transferência entre corpos orgânicos e inorgânicos, geológicos e biológicos, sugerindo um emaranhamento que dissolve qualquer tipo de hierarquia.
Vera Mota (1982) vive e trabalha no Porto. É licenciada em Artes Plásticas – Escultura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (2000-2005) e Mestre em Práticas artísticas Contemporâneas pela mesma instituição (2006-2008), tendo concluído o curso de Pesquisa e Criação Coreográfica no Fórum Dança, Lisboa (2005-2006). Com apresentações públicas regulares desde 2003, destacam-se entre as exposições individuais mais recentes, Haze, Appleton Square, Lisboa, 2023; SEM CORPO/DISEMBODIED, Museu e Arte Contemporânea de Serralves,; From within the midst of things, L21 Gallery, Palma (ES), 2022; Ventriloquismo, Galeria Bruno Múrias, Lisboa, 2021; Levar a cabeça aos pés, Galeria Pedro Cera, Lisboa, 2018. Destaca-se ainda a apresentação da performance Curva Contínua no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto; Head, EVA international Ireland’s Biennial, Limerick (IE), 2018; What is the color when black is burned?, SESC Belenzinho, São Paulo, (BR), 2014. A sua obra está representada na Coleção de arte contemporânea do estado Português; Coleção António Cachola - MACE, Elvas; Coleção Ilídio Pinho, Porto; Centro de Arte Oliva - Coleção Norlinda e José Lima, São João da Madeira; Coleção PLMJ, Lisboa e Coleção Maria e Armando Cabral