10º Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia
12 a 16 de outubro | Porto
Passos Manuel, Cinema Trindade, Coliseu Porto Ageas, Maus Hábitos
É tradição dar-se ênfase aos números mais redondos, muitas vezes aproveitando a ocasião para balanços. Nesta décima edição do Family Film Project, celebramos as motivações que têm dado forma a este festival de cinema dedicado aos temas do arquivo, memória e etnografia. E, inevitavelmente, lançamos também um olhar retrospetivo sobre todo o percurso que nos trouxe até aqui. O balanço é francamente positivo. Ao longo dos últimos dez anos, o festival portuense tem vindo a confirmar a relevância das temáticas e linhas de exploração e questionamento que sempre fizeram parte da sua proposta: a tensão entre o público e privado, a interrogação sobre o familiar e o seu arquivamento, o cruzamento do registo amador e profissional, a celebração estética do “filme caseiro”, a abertura à dimensão política dos espaços da intimidade e das formas de viver em diferentes culturas, a valorização do real colocado em performance, o cinema alternativo e experimental, a hibridez artística entre o cinema e as artes performativas ou entre os diferentes géneros no interior do cinema. Todas estas vias de exploração cinematográfica e de reflexão sobre as imagens têm vindo, ano após ano, a alimentar e expandir as diferentes valências do Family Film Project.
No essencial, o programa para esta décima edição repete a sua matriz habitual. As sessões competitivas reúnem uma seleção de filmes provenientes de diversos continentes, divididas em secções temáticas: “Memória e Arquivo”, “Vidas e Lugares” e ainda uma sessão competitiva dedicada ao género da ficção.
O cineasta homenageado nesta edição é Ruben Östlund, realizador sueco que se tornou internacionalmente conhecido pela Palma de Ouro em 2017 com o filme The Square. Um realizador a (re)descobrir nesta edição do festival através dos filmes que marcaram o início da sua carreira – obras com uma marca poética inconfundível no modo como abordam as relações familiares e a peripécia humana, combinando realismo sensível com formalismo irónico.
No âmbito das performances, para além do habitual ciclo Private Collection, retomamos também o formato dos filmes-concerto que marcaram as primeiras edições. Para o ciclo de performances contamos com as propostas de António Olaio, Flora Détraz e Jorge Gonçalves. O filme-concerto fica a cargo de Rui Reininho e da sua formação experimental, com a qual dá nova vida a um filme de ciência-fantástica realizado por rapazes nova-iorquinos nos anos 60. Este filme-concerto dá também continuidade à colaboração que o Family Film Project mantém, desde a sua primeira edição, com a Home Movies de Bolonha, colaboração que, nesta edição, se completa com a conferência O Gesto das Mulheres – Vida e Obra em Filmes Caseiros Italianos, por Giulia Simi, seguido da projeção do filme de arquivo Memoryscapes - Il Gesto delle Donne, sobre as mulheres e o trabalho.
Com a masterclass de Carol Nguyen centrada no filme No Crying at the Dinner Table e a conversa com a realizadora portuguesa Catarina Vasconcelos em torno dos filmes Metáfora ou a Tristeza Virada do Avesso e A Metamorfose dos Pássaros, o festival completa a programação dedicada à reflexão sobre percursos e obras relevantes no tratamento da temática do festival.
Destacamos também a parceria com a MICE – Mostra Internacional de Cinema Etnográfico (Galiza) –, que conta este ano com uma extensão na programação do Family Film Project, propondo uma seleção de filmes afins ao panorama temático de ambos os festivais parceiros, em sessões especiais (não competitivas) apresentadas por Ana Estévez Lavandeira, diretora da MICE.
As crianças e jovens continuam também a contar com os tradicionais workshops que, este ano, são dirigidos por Tânia Dinis, cineasta e artista que tem estado presente de diversas formas no festival.
No âmbito da comemoração do décimo aniversário, é ainda lançado um livro/catálogo onde se revisitam os eventos, ciclos e performances realizados desde a primeira edição. Com esta publicação, celebramos o histórico do festival, mas renovamos também a nossa pretensão de dar visibilidade a novos olhares estéticos e novas formas de acesso aos domínios alternativos, marginais ou historicamente inacessíveis da vida e das suas imagens.
Por fim, uma menção aos parceiros habituais que apoiam e reforçam, com as suas diferentes prestações, a programação do festival, em particular o Instituto de Filosofia da Universidade do Porto, a Escola Superior de Media, Artes e Design (P. Porto) e o Coliseu Porto Ageas.
Bom Family Film Project 2021!
(Ver spot)