19 & 20 OUT | 21H30 | PASSOS MANUEL

CICLO: DANIEL BLAUFUKS

ARTISTA CONVIDADO

Daniel Blaufuks tem trabalhado na relação entre fotografia e literatura, através de obras como My Tangier com o escritor Paul Bowles. Mais recentemente, Collected Short Stories apresentou vários diptícos fotográficos numa espécie de "prosa de instantâneos", um discurso baseado em fragmentos visuais que insinuam histórias privadas a caminho de se tornarem públicas. A relação entre o público e o privado, a memória  individual e a memória colectiva tem sido, aliás, uma das constantes interrogações no seu trabalho. Utiliza principalmente a fotografia e o vídeo, apresentando o resultado através de livros, instalações e filmes. O seu documentário Sob Céus Estranhos foi apresentado no Lincoln Center em Nova Iorque. Algumas das suas exposições foram apresentadas no Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), Palazzo delle Papesse (Siena), LisboaPhoto, Centro Cultural de Belém (Lisboa), Elga Wimmer Gallery (New York) e Photoespaña (Madrid), onde o seu livro Sob Céus Estranhos recebeu o prémio de melhor edição internacional do ano de 2007. Neste ano foi galardoado igualmente com o prémio BES Photo. O seu livro Terezín foi publicado pela editora Steidl, Göttingen. Em 2011 expõs no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e, já em 2014, no Museu Nacional de Arte Contemporânea em Lisboa. Em 2017 ganhou o Prémio AICA-MC Artes Visuais 2016, atribuído pelas exposições Léxico, realizada na Bienal de Vila Franca de Xira, e Tentativa de Esgotamento, realizada na Galeria Vera Cortês, em Lisboa. Tem um doutoramento pela Universidade de Wales. Mais informações em www.danielblaufuks.com

CARPE DIEM

(2010 | Portugal | Doc/Exp | 30')

19 Out | 21h30 | Passos Manuel

Um filme rodado no Palácio do Marquês de Pombal em Lisboa, que hoje alberga o espaço expositivo Carpe Diem, criado pelo curador Paulo Reis. A obra, filmada em película super 8, entrecruza os sons atuais do palácio, passos dos visitantes, da equipa, pássaros, aviões, etc., com as composições para piano de Luís de Freitas Branco, que aqui viveu e faleceu. Na sua apresentação original no próprio espaço do Carpe Diem, os registos gravados juntavam-se ainda aos ruídos em curso naquele próprio momento, criando uma certa confusão sonora entre o gravado e o real, entre o passado e o presente.

SOB CÉUS ESTRANHOS

(2002 | Portugal | Doc | 57’)

19 Out | 21h30 | Passos Manuel

Durante a Segunda Guerra Mundial, Lisboa foi um corredor de passagem para os refugiados vindos dos territórios ocupados por Hitler e dirigindo-se à América. Este filme relata duas histórias paralelas sobre exílio e integração. Através de uma memória narrada e fotografias, é contada a saga de uma família judia alemã que decidiu ficar em Portugal. A história maior e mais sociológica, sobre os outros que usaram Lisboa como rota de fuga, é relatada igualmente através de filmes de época e as memorias escritas de alguns dos intelectuais mais importantes da época, incluindo Heinrich Mann e Alfred Döblin. Este filme evoca um tempo desesperado e intensamente romântico, de exílio, de falta de esperança e, em última instância, de liberdade.

 

 

ENCONTRO / CONVERSA

20 Out | 18h00 | Passos Manuel

Introdução à obra de Daniel Blaufuks por Paula Rabinowitz. Conversa com o artista. 

 

THE ABSENCE

(2009 | Portugal | Exp | 20’)

20 Out | 21h30 | Passos Manuel

Inspirado em La Disparition de Georges Perec, um romance escrito sem utilizar a letra E, este trabalho consiste numa remontagem do clássico A Bout de Souffle de Jean-Luc Godard, na qual todos os planos com a personagem principal, o papel de Jean-Paul Belmondo, desapareceram. O que resta nesta ausência é a nossa memória cinematográfica, que, instintivamente, tenta preencher este vazio, à volta do qual tudo parece girar.

COMO SE / AS IF

(2014 | Portugal | Exp | 60’)

20 Out | 21h30 | Passos Manuel

Como se / As If é um vídeo que, apesar de fazer parte da minha exposição All the Memory of the World, Part One, é um trabalho em si mesmo e é melhor visto numa sala de cinema, devido aos pequenos detalhes na imagem e à sua longa duração de mais de quarto horas e meia (na versão original). É um filme na cidade Checa de Terezín (Theresienstadt), o qual vem no seguimento do livro e do DVD que publiquei há anos (Terezin, Steidl).  O trabalho foi concebido desde o início para a grande tela e foi editado a partir de diferentes fontes, construindo assim uma estrutura narrativa e cronológica específica, que intercala essas camadas alternativas. Estas são feitas de verdade e ficção, do chamado documental e do falso histórico, do drama romantizado e dos filmes de atualidades. A espinha dorsal do trabalho, na qual a narrativa principal se baseia, consiste nas imagens que gravei no final de maio e início de junho de 2014 na própria cidade, novamente chamada Terezín, muito depois de seu breve período como Theresienstadt durante a guerra. Estas imagens são também a maior parte de Come Se / As If e consistem principalmente em planos de rua de grande angular, fachadas de casas e portas de edifícios fechadas. Aí também se incluem pontos de vista de meninas em banhos de sol, adolescentes entediados, crianças a brincar, idosos em passagem, carros ruidosos e barulhentos, homens que compram cerveja, etc. Na verdade, tudo o que compõe a vida de uma cidade normal e é um pouco refletido pelas imagens da segunda maior fonte, ou camada, do falso documentário Theresienstadt feito pelos alemães em 1944, o qual pretendia mostrar exatamente: o quão normal era o campo de concentração da cidade-gueto. Lá podemos igualmente ver idosos em passagem, crianças a brincar, jovens a praticar desporto e homens a jogar xadrez. Algumas das imagens dialogam diretamente com os seus pares anteriores, pois foram filmadas propositadamente nos mesmos locais.