Caderno da Cirurgia
Regina Guimarães
Um dia trocaram a minha anca por uma prótese. Entre cama e janela com muito hospital pelo meio, lá fui construindo uma ponte com o mundo através desta escrita que é um ramo da outra maior e também minha. Cometi este caderno videográfico como uma oferenda, mesmo só eu pudesse entender isso. E a par dele escrevi um livro - «Quebra de linha» - cujo último poema, «Quebra de Encanto» ficou cravado no coração das imagens.
Regina Guimarães, aka Corbe, nasceu no Porto, em 1957. A par dos seus poemas, publicados em raras edições de natureza confidencial, tem desenvolvido trabalho nas áreas do Teatro, da Tradução, da Canção, da Dramaturgia, da Educação pela Arte, da Crítica, do Vídeo, do Argumento, da Produção. Foi docente da FLUP, na ESMAE e na ESAD. Foi diretora da revista de cinema A Grande Ilusão, presidente e fundadora da Associação Os Filhos de Lumière, programadora do ciclo permanente O Sabor do Cinema no Museu de Serralves. Integrou o colectivo que, a par de outras actividades reflexão e criação, publicou o jornal PREC. É co-fundadora do Centro Mário Dionísio - Casa da Achada. Com Ana Deus, fundou a banda Três Tristes Tigres. Trabalhou para outras bandas, nomeadamente o Osso Vaidoso e os Clã. Realizou inúmeras experiências em torno da palavra dita e cantada. Organiza, de há oito anos a esta parte, a LEITURA FURIOSA Porto, encontros entre escritores e pessoas zangadas com a leitura. Tem orientado oficinas de escrita (quase 90 obras, dos quais alguns em parceria com Saguenail) e de iniciação ao cinema. Tem realizado uma extensa obra videográfica sob a forma de «Cadernos», que já foi alvo de algumas retrospectivas. Aspira a estar em todo o lugar onde haja uma luta justa a travar. Vive e trabalha com Saguenail desde 1975. Hélastre é o signo da sua obra comum.