AUTODESCOBERTA ATRAVÉS DO OLHAR CINEMATOGRÁFICO / SELF-DISCOVERY THROUGH THE CINEMATIC GAZE

Naomi Kawase LUCIANO BARISONE

2023 80 '

Na sua masterclass, Naomi Kawase fará um enquadramento geral da sua obra cinematográfica a partir dos seus primeiros filmes de cunho documental e autobiográfico, trabalhos seminais que, segundo a cineasta, lhe permitiram estabelecer uma conexão com o mundo e a levaram a dedicar a sua vida ao cinema. Filmes pessoais, íntimos, domésticos – como Embracing [1992] e Katatsumori [1994], onde explorou a sua história familiar, bem como a sua própria construção identitária – foram fundamentais na definição de uma sensibilidade e estilo cinematográficos que prevaleceram nos seus trabalhos posteriores, incluindo nas obras ficcionais mais recentes. A autorrepresentação, o corpo como matéria fílmica, a horizontalidade das relações matéria/espírito e humano/natureza, a autenticidade cinematográfica (no contexto de uma superação da dicotomia documentário/ficção) ou o jogo entre o visível e o invisível constituem alguns dos temas tantas vezes abordados nas reflexões cinéfilas sobre a obra de Naomi Kawase. É também à luz destes e outros tópicos que Kawase nos falará da sua visão e do seu percurso como realizadora.

biografia

Realizadora de cinema japonesa, Naomi Kawase foi a realizadora mais jovem de sempre a receber a Caméra d’Or (para Melhor Longa-metragem de Estreia) no Festival de Cannes, com o filme Moe no suzaku [1997]. Kawase iniciou a sua carreira como realizadora com documentários autobiográficos. Ni tsutsumarete (Embracing) [1992] documentou a sua busca para encontrar o seu pai que, após o divórcio com a mãe, não via desde criança. No seu segundo filme, Katatsumori [1994], Kawase retratou a sua tia-avó, que a criou. Estes e outros temas familiares íntimos são recorrentes na filmografia não-ficcional de Kawase entre 1992 e 2012. Desde 1997, Kawase realizou também várias longas-metragens de ficção multipremiadas e aclamadas pela crítica. Em 2007, arrecadou o Grande Prémio de Cannes com Mogari no mori (A Floresta do Luto), onde explorou os temas da morte e do luto, também dominantes nos seus trabalhos anteriores.

Luciano Barisone é um jornalista italiano e crítico de cinema. Formou-se em Literatura e Etnologia. Colaborador dos festivais de Veneza e Locarno (1997-2010). Diretor do Infinity - Festival internacional de Cinema de Alba (2002-2007), do Festival dei Popoli em Florença (2008-2010) e do Visions du Réel em Nyon, Suíça (2011-2017). Atualmente, é produtor artístico, consultor internacional e analista de novos projetos cinematográficos. Entre 1997 e 2023 foi membro do júri em mais de trinta festivais internacionais de cinema.

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